Por pouco mais de um mês, os alunos dos 7ºs anos do Centro Educacional Pioneiro estudaram a questão indígena no Brasil. Em um projeto interdisciplinar que uniu os professores de Geografia, Artes, Música e História, os alunos tiveram aulas e conversas sobre diversos aspectos da história e cultura das tribos e etnias que habitam o País. A proposta final foi eles montarem um site para organizar e comunicar os conteúdos apreendidos.
Interdisciplinaridade: mais contexto e significado ao aprendizado
A ideia de estudar esse tema surgiu em reuniões já interdisciplinares da equipe de Humanidades. Há uma lei que faz obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena mas, mais importante que isso, os professores sentiram a necessidade de exercitar a empatia pelos povos nativos brasileiros, tanto por parte dos alunos como por parte deles mesmos. Era preciso ampliar o repertório cultural para refletir e desnaturalizar os preconceitos que recaem sobre essas populações.
Além disso, é muito importante identificar, conhecer, analisar e pesquisar as causas e efeitos desses povos representarem hoje menos de 0,5% da população brasileira.
Primeiro encontro
No final de junho, eles participaram do Aulão “A questão indígena no Brasil”. As professoras Iara Rosa (Geografia), Elisa Varro (música), Rozangela Rodrigues (Artes) e o professor Renato Luginick Ranieri (História) se uniram à professora Marília Duarte (Ciências) e ao coordenador de Humanidades, Mário Fioranelli Neto, para falar sobre a situação da população indígena no território brasileiro. Quando da chegada dos portugueses em 1500, eles eram em cerca de 3 milhões de habitantes; hoje, são oficialmente em pouco mais de 800 mil, o que representa menos de 0,3% do total da população brasileira*.
Diferentes olhares
Para marcar o encerramento do projeto, alunos e alunas, famílias, colaboradores e convidados participaram da live “Indígenas no Brasil: diferentes narrativas”, que oportunizou conversa muito rica com Francisley da Silva Dias, educador e responsável pelo canal “10 Competências“; Yacuma Txicão Iuaurá, da etnia Ikpeng; Kuanadiki Ahuwera Karajá, da etnia Karaja; e Yumi Gosso, psicóloga com doutorado em estudo da etnia Parakanã.
Francisley, que já foi professor de Língua Portuguesa do Pioneiro, falou sobre a importância do resgate da ancestralidade, do autoconhecimento e do reconhecer-se como integrante de um grupo e de uma história.
Yacuma reforçou essa ideia, contando a origem de seu nome e fazendo um breve relato de como sua etnia, os Ikpeng, foram quase extintos por guerras entre tribos e por isso se misturaram a outros povos indígenas. “Tenho muito orgulho de saber de onde venho”, afirmou.
Kuanadiki, por sua vez, dividiu com os espectadores da live a dificuldade que teve em sair da aldeia, por ser mulher; como isso se refletiu em adversidades para seu estudo no Ensino Superior, especialmente por não saber a língua portuguesa; e como se apaixonou por pedagogia depois, curso no qual pretende se formar em breve.
Já Yumi, mãe de alunos do Pioneiro, fez mestrado e doutorado com os índios Parakanã, que habitam o sul do estado do Pará. Para suas observações, passou ao todo 9 meses convivendo com uma das tribos e dividiu conosco algumas experiências por que passou durante esse tempo, que ajudam a refletir sobre os valores e a cultura dessa etnia.
Por exemplo, salientou o espírito de coletividade dos Parakanãs, para os quais o “nós” importa muito mais do que o “eu”. Mesmo em brincadeiras infantis, é possível observar a falta de competitividade que existe entre eles e o cuidado que têm um com o outro desde muito pequenos.
Os convidados falaram ainda sobre tradições, rituais de passagem, casamentos, celebrações e brincadeiras dos Parakanãs, Ikpengs e Karajas.