Edson dos Santos Moraes
As principais consultorias globais do mercado produzem, periodicamente, relatórios nos quais profetizam o futuro. São técnicos, analistas, acadêmicos e futuristas que se debruçam sobre os principais assuntos em discussão no mundo, as pesquisas em curso nas universidades e as necessidades da sociedade e, a partir destas discussões, mapeiam as grandes tendências globais em diversos mercados e segmentos, arriscando seus palpites sobre o futuro no médio prazo. Dez anos, em média.
“Não há espaço somente para o emprego, mas para oportunidades de trabalho a desenvolver.”
Para os próximos anos, essas consultorias preveem, dentre diversas outras apostas, que:
- A Automação, a Robótica e a Inteligência Artificial serão intensificadas, permitindo interações simples e inteligentes, resultando em valor em cada conexão executada e facilitando a interação de clientes com marcas na mesma velocidade em que diminuirão a capacidade de empregabilidade das pessoas. Trabalharemos ao lado de sistemas, robôs, chatbots e outros equipamentos mimetizados;
- Novos padrões e regras serão desenhados para funcionar em indústrias transformadas de acordo com as demandas da economia digital. O que isto significará, não se sabe. As regras ainda serão escritas;
- As plataformas operacionais das empresas deverão ser substituídas por ecossistemas robustos baseados em trabalho de equipes muitas vezes contratadas e organizadas de acordo com as demandas. Será uma grande transformação no emprego, pois o vínculo de trabalho temporário e por competências se intensificará. Em outras palavras, trabalharemos com projetos de curta duração;
- As pessoas deverão ser capacitadas para lidar com os ecossistemas na forma de parcerias. Não fará sentido a visão de cliente e fornecedor. As transformações nas relações internas deverão ser estendidas aos demais participantes externos. Ao ajudar as pessoas a alcançarem seus objetivos, todos se ajudarão, mutuamente, a definir um lugar mais nobre na evolução da sociedade. A relação entre pessoas e resultados, sejam financeiros ou sociais, serão mais expressivos. Portanto, será fundamental ampliar a conexão com o mundo (literalmente), desenvolver um método de estudo continuado e estar preparado para, mesmo sendo um profissional mais técnico, se conectar a pessoas e a seus ecossistemas.
“Trabalhar em algo que faça a diferença talvez faça mais sentido que desenvolver uma carreira.”
Este panorama permite observar que tanto os profissionais de hoje quanto as gerações que se formarão nos próximos anos e que buscam empreender ou trabalhar no terceiro setor, no governo, na educação, na saúde ou nas corporações, deverão se preparar para desenvolver habilidades de adaptação e aprendizado contínuos, inclusive a capacidade de pensar diferente.
A experiência recente com a pandemia nos ensinou que é possível trabalhar remotamente, reduzindo o impacto da mobilidade e da poluição, permitindo o êxodo urbano, o que desacelera o crescimento das metrópoles e facilita a compreensão de que o trabalho está a um click de distância, em qualquer lugar do mundo. Os profissionais de todas as áreas deverão se preparar para trabalhar anywhere e concorrer com pessoas e máquinas de todas as partes do globo.
Estabelecer propósitos, desenvolver valores, manter-se atualizado, preparar-se para novas formas de pensar e abrir-se para maneiras não convencionais e flexíveis de desenvolvimento profissional serão o caminho para a inclusão e a manutenção da capacidade de trabalho em um futuro (muito) próximo. Trabalhar em algo que faça a diferença talvez faça mais sentido que desenvolver uma carreira.
Quem entrar o mercado de trabalho agora lidará com a perspectiva de que não há espaço somente para o emprego, mas para oportunidades de trabalho a desenvolver, seja para uma empresa, pessoa ou entidade do terceiro setor.
Portanto, renovar-se periodicamente e colocar paixão naquilo que se faz passa a ser um diferencial mais do que competitivo. Uma questão de sobrevivência profissional.
Edson Moraes é especialista em estratégia e projetos. Trabalha com pessoas e empresas em Gestão Financeira, Gerenciamento de Projetos, Planejamento de Negócios, Design de Processos e Arquitetura Corporativa. Com mais de 21 anos de experiência executiva na área de TI no mercado financeiro e outros 16 anos atuando como consultor estratégico, também atende individualmente, há mais de 5 anos, executivos, empresários e pessoas que busquem empreender e organizar sua carreira e finanças. Atualmente é também Diretor administrativo-financeiro voluntário da Fundação Instituto Educacional Dona Michie Akama.
