Todo mundo, um dia, já deve ter planejado os rumos de sua vida tendo como horizonte uma utopia; das mais simples como uma mudança de hábito até as mais complexas que significariam uma mudança radical na sociedade. Óbvio que sendo uma utopia ela se concretiza apenas nos nossos anseios; assim, embora a busquemos, a cada passo que damos (e assim realizamos uma pequena etapa de sua construção), dialeticamente ela se afasta, forçando uma prática constante de nossa parte, imaginando um dia sua concretude.
Devaneios à parte, os alunos do 2º ano do Ensino Médio, foram convidados, a se debruçar sobre esse tema, que, neste ano de 2016, em virtude das comemorações dos 500 anos da obra de Thomas Morus “A Utopia” norteará a proposta e a realização do Trabalho Coletivo. Escrita em 1516, esta obra, universal e atual em seu conteúdo, expressa o ponto máximo da filosofia humanista do século XVI; observando os problemas de sua época (uma Inglaterra que constrói sua centralização política e que dá os primeiros passos para sua industrialização com os cercamentos), Morus, filho de seu tempo, constrói uma narrativa em que sua “Utopia” imaginada contrasta com as peias da sociedade inglesa do século XVI.
1516, 2016: lá, intolerância religiosa, corrupção, pobreza; aqui…intolerância, corrupção, pobreza.
Diante de cenários tão semelhantes, os alunos do 2º ano tiveram como desafio pensar, numa primeira parte do trabalho, o inverso de uma utopia – uma distopia –, exatamente para compreender e levantar problemáticas que auxiliarão na segunda parte do trabalho, qual seja, a construção imagética de uma utopia. Por hora, cada grupo escolheu um filme e uma música (de Mad Max à 1984, de Raul Seixas à Mozart) relacionados com a ideia de distopia e diante da construção de seminários os grupos se apresentaram para os alunos do Ensino Médio mostrando com desenvoltura, os resultados de suas pesquisas. Aquilatado pelas contribuições dos professores presentes, o dia 3 de abril foi um encontro virtuoso de dois mundos: dos mais velhos, com suas utopias construídas e quiçá um dia realizada, com os mais jovens; dando os primeiros passos na edificação de suas utopias.
Michael Luiz dos Santos – Professor de História.
Saiba mais sobre os trabalhos coletivos no artigo “O trabalho coletivo e a construção do conhecimento”.