A quarentena exige a adoção de uma rotina diferente e, para a maioria das pessoas, isso significa também cozinhar mais. De acordo com a ferramenta Google Trends (que indica a frequência com que um termo foi procurado no site de buscas), no Youtube, na categoria Culinária, houve aumento de mais de 450% nas pesquisas por “receita de carne moída” nos últimos 90 dias e mais de 250% de aumento nas buscas por “receita de bolo de cenoura” no mesmo período, por exemplo.
É uma oportunidade de repensar a alimentação, em qualidade e quantidade. Pedimos que a nutricionista do Centro Educacional Pioneiro, Cristiane Sumida, desse algumas dicas de como organizar a rotina para garantir refeições mais saudáveis e, ao mesmo tempo, tornar os momentos na cozinha e à mesa mais prazerosos!
Confira a receita de Pink Lemonade da Cris
Que tal fazer um pão de leite com 3 ingredientes?
“Acredito que esse momento está trazendo grandes aprendizados. Estamos ressignificando alguns conceitos e comportamentos. Sobre a alimentação, muitas pessoas estão descobrindo as suas habilidades na cozinha e adorando, e há aqueles que preferem comprar pronto, mas também estão percebendo que é preciso cuidar da qualidade e da quantidade.
Mas como fazer isso?
Organizando uma rotina para estabelecer um equilíbrio nas ações. É importante definir os horários para as tarefas do dia. As crianças precisam dessa referência e os adultos também! Estabelecer os horários para acordar e dormir, das refeições, do trabalho, das atividades da escola, dos exercícios físicos, das brincadeiras e dos momentos em família.
“Esse é um momento de reflexão e de buscas por mudanças sustentáveis.”
Fome
Quando eu tenho essa base organizada, eu torno o meu dia mais produtivo, mais leve, pois estou focando no bem-estar e na saúde da minha família. Quando eu consigo comer nos horários propostos, consigo controlar e conhecer a minha fome e me permito entender se tenho a fome física ou se tenho a fome emocional. É a famosa pergunta: ‘Você tem fome de quê?’
Então, se eu estou saciado, eu repenso as minhas vontades e me permito perguntar: ‘Será que eu estou com fome mesmo?’ Mas é se perguntar sem julgamentos, permitir-se comer sem culpa quando tiver vontade e sem regras rígidas.
Importante lembrar que os adultos são os exemplos para as crianças. Temos que vigiar algumas posturas e evitar o terrorismo alimentar para não influenciá-los.
“Praticando o autoconhecimento, evito o consumo em excesso ou com pouco valor nutritivo.”
Consciência alimentar
Repense os hábitos da família, diversifique a alimentação e comece a ter uma vida mais ativa, mas sem exageros. Respeite o corpo.
Outro ponto importante é resgatar valores esquecidos como cozinhar para e com a família, fazer as refeições juntos, um olhando para o outro, aumentando o vínculo”.
Dicas
Não é preciso ser um masterchef para planejar um cardápio saudável! Cristiane listou alguns itens que podem ajudar a organizar o cardápio da semana:
– Priorizar os alimentos naturais ou minimamente processados e evitar os ultraprocessados.
– Preparar receitas simples, possíveis de serem feitas. Tornar o momento de preparo agradável.
– Cozinhar é uma terapia, acalma o coração! É um carinho para você e para sua família.
– Envolver as crianças nas preparações. Elas adoram cozinhar! Explorar texturas, odores e sabores.
– Ir às compras, mesmo em mercados virtuais, com uma lista e bem alimentado. Fazer compras com fome pode nos levar a escolhas por impulso e com pouco valor nutritivo.
– Comprar alimentos que durem por mais tempo, como por exemplo:
- acelga, repolho, abobrinha, pepino, chuchu, berinjela, brócolis, couve flor, cenoura, batata, abóbora, beterraba, tomate, escarola;
- legumes congelados, palmito em conserva;
- temperos desidratados (salsinha, orégano, tomilho) ou vasos de temperos. A salsinha e a cebolinha podem ser higienizadas, picadas e congeladas;
- laranja, limão, banana, melão, abacaxi, maçã, pera, mamão;
- carnes podem ser divididas em porções e congeladas, atum e sardinha enlatadas;
- ovos são versáteis: omelete, cozido, pochê, suflê;
- leite e seus derivados: em pó, requeijão, queijos;
- leguminosas podem ser cozidas e congeladas em porções como o feijão, grão de bico, lentilha;
- preparar pães e bolos e congelar fatiados, embalados um a um. Descongelam rapidamente e o aproveitamento é total;
- aproveitar os pães e preparar torradas, bruschetas ou incluí-los em receitas como almôndegas ou bolinhos de carne;
- sobras seguras de alimentos podem se transformar em tortas ou bolinhos.
– Manter a hidratação. Estamos no período de estiagem, precisamos redobrar esse cuidado.
Fontes:
- Ministério da Saúde. Guia Alimentar para a população brasileira. 2ª ed. Brasília (DF); 2014.
- Associação Brasileira de Nutrição. Guia para uma alimentação saudável em tempos de COVID-19. ASBRAN:2020.
https://www.asbran.org.br/storage/arquivos/guiaCOVID19.pdf - Alvarenga M, Figueiredo M, Timerman F, Antonaccio C.Nutrição comportamental. São Paulo: Manole; 2015.