Profissionais de todo o país discutiram novas práticas e interesse dos alunos nos dois dias de encontro
Durante os dias 17 e 18 de janeiro deste ano, mais de 20 professores de todo o Brasil se encontraram no Centro Educacional Pioneiro para discutirem o ensino da língua japonesa (nihongo) no país. Os encontros fizeram parte do 1º Curso de Formação para Professores da Língua Japonesa, uma iniciativa da professora coordenadora do curso de língua japonesa e Soroban do Pioneiro, Edna Tanaka, em parceria com as especialistas da Fundação Japão Sandra Terumi Suenaga Kawahata e Eriko Nakajima.
Segundo Edna, a falta de material para se trabalhar com o aluno do Fundamental 1 foi um dos fatores que a levou a formar o grupo de estudos no Pioneiro para discutir e compartilhar práticas, pois “não há livros didáticos específicos para as crianças menores”, explica.
Além disso, o perfil dos alunos mudou. Antes, a língua era passada como língua de herança. “Atualmente, os alunos querem aprender porque se identificam com algum aspecto cultural – mangás, animes, música pop -, independentemente de serem nipo-descendentes (nikkeis) ou não”, disse um dos palestrantes, o professor Antônio Marcos Bueno, do Colégio Marupiara. “Espero que os professores percebam essa diferença e consigam aplicar isso em sala de aula”, completou.
Maiku Miura, da Escola Professora Josephina de Mello, em Manaus, veio para o Curso para conhecer outras metodologias didáticas, especialmente na educação infantil. “Gosto dessa troca de conhecimentos, tenho interesse particular em ouvir sobre o método de ensino para crianças”, disse.
Já para Mari Shiomi, do Centro de Estudo de Línguas (CEL) Antônio Padilha, em Sorocaba, essa foi a primeira vez que ela pôde ouvir relatos do ensino praticado nas escolas particulares. “Saber as diferenças, quais materiais são usados, qual o sistema de avaliação, tudo isso é um aprendizado”, comentou.
“Esses encontros mudam a nossa rotina”, analisa Noriko Adachi Akama, do CEL da Escola Estadual Professor José Vieira Macedo, em São José dos Campos. “As conversas são como vitamina para a cabeça da gente. O conhecimento não tem preço.”
Continuidade
Até 2017, a Fundação Japão promovia cursos gratuitos de formação para os profissionais da língua japonesa no Brasil; no entanto o curso foi suspenso por tempo indeterminado. Foi então que surgiu a ideia de dar continuidade ao projeto de forma independente e, como o Centro Educacional Pioneiro cedeu o espaço, pode-se realizar o 1º Curso de Formação para Professores da Língua Japonesa em 2019.
O tema kodomo can-do foi o conceito novo idealizado pelas professoras Sandra e Eriko Nakajima, da Fundação Japão, e trabalhado nos dois anos de estudos do grupo Pioneiro, cujas reuniões ocorrem na própria instituição. Para Sandra, a importância desse encontro e de possíveis cursos futuros é fortalecer o ensino do nihongo e torná-lo algo prazeroso.
“O intuito é iniciar um novo ciclo de cursos de formação anuais para os professores de língua japonesa, encabeçado pelos próprios participantes e interessados”, afirma Sandra. Ainda há muito o que ser discutido sobre o assunto, e criar essa rede de profissionais e proporcionar um diálogo aberto entre os professores é essencial. “Todos temos muito a compartilhar para melhorar o ensino do idioma”, concluiu Edna.
