Neste artigo, iremos abordar o que é o Ensino Híbrido e quais as perspectivas desse modelo no ensino pós-pandemia
Por Naila Okita Shimizu
Depois de quatro meses de quarentena no Estado de São Paulo, em que as escolas foram obrigadas a repensar suas práticas para um modelo remoto, muito se aprendeu sobre o ensino em plataformas digitais. Houve experiências bastante favoráveis ao aprendizado; outras, nem tanto, foram avaliadas e estão sendo readequadas. Ainda há muito para se descobrir sobre as potencialidades do online no ensino, mas as projeções e expectativas são de que o Ensino Híbrido será uma realidade na volta às aulas presenciais.
Especial Metodologias Ativas: sala de aula invertida
Especial Metodologias Ativas: Aprendizagem Baseada em Projetos
Novas conexões: coordenadora de Tecnologia Educacional comenta ensino remoto emergencial
Mas o que exatamente é o Ensino Híbrido?
De forma geral, quando se fala nesse tipo de proposta, refere-se à união entre aulas presenciais e aulas virtuais. Ou seja, quando o ensino presencial for retomado, tudo indica que o novo planejamento curricular incluirá algumas práticas das aulas remotas. O aluno voltaria a frequentar a sala de aula tradicional mas, ao mesmo tempo, continuaria acessando conteúdos (videoaulas, tarefas, avaliações, links complementares etc) pelo celular, tablet ou computador, tanto em casa como na própria instituição de ensino.
É uma realidade, talvez, inevitável.
Segundo artigo de 2013 da Clayton Christensen Institute, abaixo estão os modelos de Ensino Híbrido existentes hoje:
No Pioneiro
A abordagem híbrida não é novidade no Pioneiro. Antes da quarentena, alguns modelos sustentados eram praticados, como a Sala de Aula Invertida (veja exemplos aqui); o Laboratório Rotacional usado, por exemplo, em formações de professores e no TechFestival; e a Rotação por Estações, especialmente em estudos sobre Cidadania Digital com o Fundamental I.
Estações de atividades na Semana de Cidadania Digital Alunos no LabXplorer Aula com integração de tecnologia digital
Desde o início de 2020, professores e coordenadores começaram um processo de formação para o uso de tecnologias digitais, para implantação que ocorreria ao longo do ano. No entanto, com o isolamento social, esses processos sofreram uma aceleração para sua utilização. “Saímos do modelo tradicional e presencial, com algumas experiências de Ensino Híbrido, para um modelo extremamente disruptivo 100% online e à distância”, comenta Débora Sebriam, coordenadora de Tecnologia Educacional.
Inserir-se nessa nova realidade não foi fácil, mas resultou em muitos ensinamentos. “Não podemos dizer que as videoaulas ou aulas interativas ocorreram de uma forma totalmente tranquila para todos, pois principalmente as crianças menores, pela faixa etária, necessitam a supervisão de um responsável adulto, que nem sempre tinha o letramento digital”, relembra a diretora geral Irma Akamine Hiray. “Por isso, colocamo-nos sempre à disposição das famílias para que juntos possamos oferecer o melhor para nossos alunos. É um cenário de muitas adaptações e ressignificações, mas com parceria estamos construindo uma rotina bastante favorável para o avanço pedagógico dos alunos.”
“As adaptações, em termos de tecnologia, que tivemos que repensar nesses últimos meses de distanciamento social dizem respeito à escolha e avaliação de plataformas digitais e ao equilíbrio entre momentos síncronos (professores e alunos conectados ao mesmo tempo) e assíncronos (professores e alunos não interagem em tempo real) e o fato de a interação dar-se totalmente por plataformas digitais. Estamos em constante avaliação do nosso trabalho”, explica Sebriam. Desde então, avaliando-se as necessidades dos alunos com coordenação e professores, aumentou-se o número de aulas ao vivo, promovendo encontros de grupo e momentos de estar com o professor.
Famílias auxiliam alunos do Infantil nas interações ao vivo com professoras 
Equipes de TE e TI, que auxiliam colaboradores e famílias
E os professores também estão se adaptando. O Pioneiro investe na formação de seus profissionais para acolhê-los e para ajudá-los a se aperfeiçoar e levar as boas práticas para qualquer que seja a nova realidade pós-pandemia.
“O professor está se reinventando para agora”, afirma Débora Martins, coordenadora da Educação Infantil e 1ºs anos. “Por isso, investimos na formação para o ensino remoto, para o ensino híbrido, de como fazer mediação com os alunos, de por quê precisamos atendê-los individualmente.”
Professoras do Infantil em formação com TE 
Uma das várias lives promovidas para refletir o momento de quarentena
Personalização
Além disso, o Ensino Híbrido pode ser um grande aliado em um aspecto muito importante para o ensino no Pioneiro: a personalização. Lilian Bacich, doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo e integrante da equipe de gestão do Grupo de Experimentações em Ensino Híbrido, afirmou que um dos fundamentos do Ensino Híbrido é considerar que os alunos não aprendem todos da mesma forma. “Então, a forma de ensinar do professor não pode ser a mesma para todo mundo”, concluiu em uma entrevista à TV do Centro do Professorado Paulista*.
A ideia é compartilhada pelos profissionais do Pioneiro. Débora Sebriam entende que um dos benefícios do Ensino Híbrido é “as plataformas digitais trazerem dados que permitam analisar o desenvolvimento de cada aluno, auxiliando ao professor propor atividades mais específicas para cada um deles”.
Aluna assistindo a uma aula remota em casa Professores dão aula interdisciplinar online
Já Débora Martins acredita que “cada vez mais vamos precisar olhar para nosso aluno e entender como ele aprende”, uma vez que as linguagens presencial e virtual são bastante diferentes e exigem intervenções distintas.
E depois?
Ainda não é possível afirmar como será a dinâmica escolar pós-quarentena. No entanto, Sebriam acredita que o planejamento pedagógico com certeza sofrerá alterações. “A experiência em que todos nós estamos imersos (intensificação da fluência digital) vai continuar fazendo parte de nossas vidas. É natural que, quando possamos de fato estar na escola todos os dias, não abriremos mão das plataformas digitais que temos hoje”, diz. “Uma das premissas do Pioneiro é preparar a criança e o jovem para o século XXI, e isso exige que estejamos em constante atualização, além de ter a cultura digital inserida em nossa prática pedagógica”, completa a diretora Irma.
Durante um retorno gradual às aulas presenciais, Sebriam vê o modelo Virtual Enriquecido como uma das possibilidades, mesclando o conteúdo pedagógico em plataformas digitais com alguns encontros presenciais na escola. Entretanto, é muito provável que outros modelos possam surgir durante o desenvolvimento do trabalho pedagógico, já que hoje tem-se uma nova percepção do uso do tempo e em relação à produtividade de encontros e reuniões, por exemplo.
Os próprios professores, pensa Sebriam, conseguirão planejar aulas com metodologias diversificadas para que nossos alunos se desenvolvam tanto no presencial quanto no ambiente virtual, seja no estudo individual ou em grupo.
A diretora Irma vê toda essa adaptação como um processo que trará melhorias no ensino e aprendizado de professores e alunos do Pioneiro: “Cabe declarar, com muito orgulho, que presenciamos muitos avanços, mesmo neste cenário tão adverso. Temos a convicção que no retorno às aulas presenciais potencializaremos ainda mais estas conquistas.”
“O aprendizado é para todos: é para a equipe pedagógica, é para os professores, é para os alunos e também para os pais, que acompanham seus filhos de casa. Acredito que todos nós estamos aprendendo e evoluindo em constante colaboração, o que permite avaliar e trazer mudanças e inovações sempre que necessário”, finaliza Sebriam.
* Lilian Bacich fala sobre Ensino Híbrido https://www.youtube.com/watch?v=VFk_EFMWv10
