Uma visita do técnico

5 de maio de 2016

Mariana Akemi Shirakawa – 2º ano do Ensino Médio – 2016

Uma visita do técnico

 […]

Era uma manhã calma como outra qualquer, eu tomava uma xícara de café matinal enquanto lia alguns documentos do meu último caso meus olhos se fixaram nas letras vermelhas garrafais, caso encerrado. Foi quando um homem eufórico abriu brutalmente a porta do escritório, minha secretária corria logo atrás dele desesperada tentando o parar ou convencê-lo a sair, ele a ignorou e dirigiu-se a mim com pressa. Desesperado, disse que havia cometido um horrível homicídio e queria meus serviços para lhe reduzir a pena ele estava nervoso, não parava de olhar para os lados desconfiado e com cautela.

Pedi para que se sentasse, mas ele se recusou, disse que estava muito ansioso para conseguir ficar parado. Então começamos a discutir o preço, algo que eu acreditava que seria mais conflituoso, pois sou um advogado renomado com mais de 90% de chances de sucesso, meu preço era algo que algumas pessoas não conseguiriam pagar. Mas ele aceitou sem nenhuma hesitação, sorri internamente na privacidade de minha mente, esse homem estava desesperado, quem aceitaria prontamente a quantia que eu pedia sem ao menos tentar reduzi-la? O caso que me era apresentado seria interessante, disso eu tinha certeza. Já um pouco mais calmo, ele se apresentou como Mathew Brown e com uma riqueza de detalhes me contou como havia assassinado sua vítima.

A vítima estava sozinha em casa e a janela que dava para um dos quartos estava aberta, aquele era o momento perfeito, ele tocou a campainha e esperou ouvir passos na parte da frente da casa para ir à janela e entrar na casa, ele usava luvas para não deixar nenhuma digital. Ele se escondeu no quarto até a vítima voltar para seu ateliê, em que estava antes de ir atender a porta, sem fazer nenhum ruído ele ficou atrás da vítima e com um cinto a estrangulou até que seus olhos perdessem o brilho e ela desse seu último suspiro. Tinha sido uma morte tranquila, mas aquilo não o ajudara, não, a raiva que ele sentia ainda fervia por debaixo de sua pele. Procurando saciar essa sede de sangue e violência, ele foi até a cozinha, pegou uma faca de uma das gavetas e retornou ao local em que o corpo jazia sem vida e a esfaqueou repetidas vezes, desferindo golpes brutais descontando a raiva que tomava conta de seu ser. Ele ofegou cansado e a olhou novamente, aquele rosto o enojava, ele a esfolou e jogou a pele no lixo do banheiro junto com a faca e saiu andando pela calçada como se nada tivesse acontecido.

Foi o que ele me contou, mas o estranho era que ele não conhecia a vítima e apesar de tê-la esfolado, ele não possuía nenhum conhecimento médico. Fiquei intrigado, afinal, quem sem um conhecimento médico conseguiria realizar um processo delicado como o esfolamento?

Ele foi imediatamente para a delegacia após nossa conversa, pois, em menos de uma hora, fui chamado para representá-lo, nada fora do normal, o processo foi o mesmo de sempre. No entanto, as coisas começaram a ficar estranhas após o início das investigações segundo o meu cliente, ele não conhecia a vítima, mas, de acordo com a perícia, para ter encontrado a vítima em sua casa o assassino precisava saber da rotina dela, mas poderia ter sido um mero acaso.

As investigações continuaram e, a cada pista nova que a perícia encontrava, meu cliente se tornava um culpado improvável ao mesmo tempo em que não o excluía totalmente, e eu me perguntei se ele tinha realmente cometido o crime, pois a chances de ele realmente ser o culpado eram mínimas. Mas por quem alguém cometeria um crime que não cometeu? Franzi minha testa enquanto pensava e passei as mãos pelos meus cabelos grisalhos. Esse caso estava se tornando cada vez mais emocionante tentei encontrar uma razão plausível para ele saber de tanta coisa sem realmente ter cometido esse crime sem mais saber o que fazer recorri a um amigo, um psiquiatra renomado. Algumas vezes em que eu me encontrava no meio de encruzilhada sem respostas, recorria ao ponto de vista desse amigo, afinal quem melhor para entrar na mente de alguém do que um psiquiatra?

E foi com a ajuda dele que finalmente resolvi o mistério Mathew Brown, meu cliente, tinha empatia pura. Graças a uma anomalia em seu cérebro que após a infância não o fez perder suas células espelho, que refletem e captam ações e sentimentos das pessoas, tornando meu cliente extremamente sensível e capaz de assumir o ponto de vista das outras pessoas. Quando falamos com as autoridades, à princípio, eles não acreditaram, até mesmo zombaram de nós, mas com a explicação de um psiquiatra especializado em empatas, eles finalmente cederam a nossa versão dos fatos. Mas restava apenas uma questão, por que ele entrou na casa da vítima?

A vizinha da vítima foi quem nos esclareceu essa questão ao contarmos que sua vizinha havia sido assassinada, a senhor estava horrorizada, e ao vê-la, meu cliente a reconheceu como a mulher que o tinha contratado para arrumar seu computador e ela confirmou. Ela também nos contou que pediu para que ele fosse para ajudar a vítima com seu computador, e quando o jovem Mathew Brown entrou na cena do crime, ele recebeu todos aqueles sentimentos lá contidos e assumindo o papel do assassino, pensou que tinha matado a mulher.

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