Tragédia no Litoral

18 de novembro de 2014

Gabrielle Lie Takatsuka Fukamati – 8C – 2014

 “Disseram que ela dormia quando o temporal chegou. Um vagalhão* pegou-a de surpresa, não teve tempo nem pra gritar socorro. Ainda não acharam o corpo. Juvenal, o marido, voltava para casa…”
* onda muito grande.
 

Disseram que ela dormia quando o temporal chegou. Um vagalhão pegou-a de surpresa, não teve tempo nem para gritar socorro. Ainda não acharam o corpo. Juvenal, o marido, voltava para casa, estava animado, depois de um longo dia de trabalho, veria sua amada e poderia aproveitar a noite estrelada na cidade praiana. Percorria a imensa costa daquele infinito mar azul-esverdeado que naquele momento mais parecia um espelho feito sob medida para a Lua. O vento quente batia nos cabelos de Juvenal e este batia os dedos no volante do conversível ao ritmo da música que tocava na rádio. A programação fora substituída por novas notícias do vagalhão que ocorrera naquela tarde. Todo o sudoeste costeiro estava destruído. E foi nesse momento que o coração de Juvenal perdeu toda a alegria de antes, comprimiu-se, congelou e estilhaçou-se em mil pedaços irreparáveis. A voz alta do locutor ia transformando-se em um sussurro. Juvenal só conseguia pensar na amada, a casa comprada com muito esforço localizava-se em frente daquele mistério azul. As chances eram poucas, mas ela ainda poderia estar lá, sã e salva, porém o pior dominava sua mente, seus olhos encheram-se de água e Juvenal berrou, não podia ser verdade.

Suas mãos, geladas e trêmulas mal seguravam o volante. Dirigiu mais alguns minutos, sem saber ao certo aonde estava indo, estava atordoado. Avistou parte da destruição no horizonte. Foi obrigado a parar o carro, cones e homens bloqueavam seu caminho. Apenas da escuridão, podia ver claramente o lamaceiro. Palmeiras derrubadas, casas e famílias soterradas. Juvenal não conseguia acreditar naquilo tudo, lembrou de quando saiu para trabalhar naquela manhã, lembrou do modo que sua amada olhou para ele, o jeito que ela sorria para ele. O sentimento entre eles era recíproco e ele estava com medo de não poder mais sentir aquela sensação. Um homem aproximou-se e perguntou o nome de quem ele estava procurando. Juvenal disse-lhe e aí sim ele esqueceu como era se sentir vivo, como era saber que tudo estava bem. Ela não estava lá, não sabiam onde ela estava, não sabiam se seu coração ainda batia, tudo o que Juvenal queria eram respostas. Uma lágrima caiu, e depois seus olhos transformaram-se em um aguaceiro. Ele estava determinado a esperá-la. Não sabia mais onde estava sua casa. Sentou-se na areia suja e lá ficou, em silêncio envolvido em seus mistérios até o amanhecer.

Descrição da Atividade

Prossiga a história desenvolvendo o conflito que “explode” quando Juvenal se dá conta do que aconteceu.

  • Narrador em terceira pessoa.
  • Espaço: praia.
  • Tempo: uma noite.
  • Escreva, no máximo, 25 linhas.

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter
LinkedIn