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Novas conexões: coordenadora de Tecnologia Educacional comenta ensino remoto emergencial

30 de abril de 2020
Débora Sebriam é coordenadora de Tecnologia Educacional

A tecnologia está em todo lugar. Cada vez mais, ela faz parte do dia a dia, seja para tarefas desde as mais simples, como saber que horas são, até descobrir um caminho alternativo para fugir do trânsito ou executar uma cirurgia de alto risco.

O Centro Educacional Pioneiro utiliza a tecnologia como apoio para o ensino presencial desde 1995. A equipe de Tecnologia Educacional está sempre em busca das melhores soluções para trabalhar a fluência e a cidadania digital dos alunos, bem como discutir boas práticas e segurança nos ambientes virtuais.

Contamos com diversas plataformas digitais, entre elas o Google for Education e seus aplicativos e ferramentas de colaboração, comunicação e criatividade que permite aos professores trabalharem conteúdos virtualmente em apoio ao currículo presencial.

Para este ano, o Pioneiro planejou também a implementação do Moodle (ambiente virtual de aprendizagem mais usado no mundo) para os Ensinos Fundamental II e Médio mas, devido à quarentena, teve que adiantar a utilização do recurso.

A coordenadora de Tecnologia Educacional do Pioneiro, Débora Sebriam, comentou sobre os desafios dessas mudanças repentinas e como elas podem ser trabalhadas na escola e em casa.

Como a tecnologia pode contribuir para o ensino e aprendizado das crianças?
A cultura digital é sem dúvida uma competência de extrema importância no contexto atual da sociedade. Neste cenário, a tecnologia integrada ao currículo escolar e ao planejamento do professor é um meio poderoso para apoiar os processos de ensino e aprendizagem, a implementação de novas metodologias, estimular o protagonismo e autoria do aluno, contribuir com processos colaborativos e na inserção de novos elementos de comunicação entre as pessoas.

“Estamos todos aprendendo e aprimorando nossas estratégias e metodologias com a nova experiência”

Qual o maior desafio em relação às aulas presenciais?
Em tempos de Covid-19 o maior desafio de todas as escolas, e também do Pioneiro, foi migrar do ensino presencial para o ensino 100% remoto e à distância de maneira abrupta. Estamos todos aprendendo e aprimorando nossas estratégias e metodologias com a nova experiência.

Qual a diferença entre o EaD (Ensino à Distância) e as aulas virtuais, como as que o Pioneiro está oferecendo durante a quarentena?
Alguns pesquisadores das Ciências da Educação e da Tecnologia Educacional têm defendido o uso do termo ensino remoto emergencial para o que estamos vivendo e eu concordo plenamente com eles. Ao contrário das experiências planejadas desde o início para serem on-line e à distância, o ensino remoto emergencial é uma mudança temporária devido às circunstâncias impostas pela pandemia. Bons cursos de Educação à Distância levam meses para serem planejados e implementados e levam em conta diversos fatores, como modelo, tutoria, feedback, avaliação, planejamento de períodos de síncronos e assíncronos, certificação, etc.

A educação básica brasileira está passando por uma ruptura sem precedentes e todo o nosso planejamento para as aulas presenciais (e também as que já contavam com integração de tecnologia para apoio ao ensino presencial) tiveram que ser revistas e replanejadas em um período de tempo muito curto.

Tendo como premissa que a tecnologia precisa vir para ajudar, aqui no Pioneiro nós nos apoiamos na nossa experiência prévia no dia a dia da sala de aula e consideramos o que já era conhecido de alunos e professores. Continuamos com o uso da nossa nuvem educacional Google for Education, finalizamos a implementação do ambiente virtual de aprendizagem Moodle (inicialmente para o Fundamental II e Médio) e consideramos alguns elementos importantes dos bons cursos de Educação à Distância para definir o nosso modelo inicial, considerando todos os segmentos e respeitando suas especificidades e cada faixa etária.

Na Educação Infantil e 1º anos, ampliamos a experiência do uso dos portfólios digitais e aprimoramos o uso de outras plataformas e aplicativos, como o H5P e o Padlet, para redesenhar as práticas pedagógicas para o novo contexto. O corpo docente também produz vídeos de contação de histórias, música, educação física, além dos encontros ao vivo com as professoras.

Do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental, nós também optamos pelo uso de tecnologias já conhecidas e usadas pelas professoras e alunos em contextos anteriores. Estruturamos um ecossistema para disponibilização de aulas no Google Drive, algumas áreas do conhecimento também integraram outras plataformas digitais de apoio como o Khan Academy, foram elaborados vídeos aos alunos e encontros ao vivo com as professoras.

Nos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, inicialmente criamos um ambiente compartilhado no Moodle para o acolhimento e a apropriação de todos a esse novo modelo e, recentemente, mudamos o desenho do curso e o aluno acessa os componentes curriculares separadamente. O design dos nossos cursos são baseados em encontros síncronos por videoconferência e a disponibilização de aulas em plataformas digitais que permitem o estudo de maneira assíncrona, entrega de tarefas, avaliações diagnósticas e comunicação entre estudantes e professores.

Todas as nossas escolhas estão em constante avaliação para aprimorarmos cada vez mais a experiência de aprendizagem dos nossos alunos.

“Nenhum setor da sociedade estava plenamente preparado para romper com a presencialidade de forma tão abrupta”

A escola estava preparada para o ensino virtual? Como foi essa transição?
Acredito que nenhum setor da sociedade estava plenamente preparado para romper com a presencialidade de forma tão abrupta e rápida.

O que fizemos foi avaliar as nossas experiências prévias de integração de tecnologia ao currículo e replanejamos os espaços e tempos para a virtualidade, implementando novas formas de nos conectarmos com as pessoas e com o conhecimento.

Não corre o risco de os alunos ficarem tempo demais no computador?
É natural, nesse período de eventualidade, que todos nós, crianças, adolescentes e adultos, tenhamos um contato um pouco maior com as telas digitais. Porém, assim como na educação presencial, é importante estabelecer uma rotina de estudos, lazer, descanso e de tempo com a família.

Por que o Pioneiro optou pelo uso do Moodle para Fundamental II e Médio? Ele continuará sendo usado quando retornarmos às aulas presenciais?
O projeto do Moodle já estava em curso. Devido à pandemia, nós apenas adiantamos o cronograma de implementação com os alunos. O Moodle é o ambiente virtual de aprendizagem mais usado no mundo, é a plataforma digital presente em todas as universidades públicas brasileiras e também de importantes universidades particulares como a PUC e o Mackenzie.

Nós optamos por trazer uma plataforma com mais possibilidades para aprimorar a nossa experiência de sala de aula invertida e apoio ao ensino presencial, que se soma ao nosso ecossistema de plataformas que já contava com o G Suite for Education e Evolucional.

“Estamos todos aprendendo”

Eu não entendo muito dessas ferramentas de aulas virtuais. Como posso ajudar meu(a) filho(a)?
Não se preocupe, estamos todos aprendendo!

Já tivemos experiências muito interessantes neste último mês, alunos que se ajudaram quando houve dificuldades, professores auxiliando os alunos a se desenvolverem também no uso e manejo de tecnologias, alunos que ajudaram os seus professores. O novo cenário, apesar de nos afastar presencialmente, também promoveu novas conexões, mesmo à distância, que antes não ficavam tão evidentes. Esse contexto de colaboração, empatia, trabalho em grupo que se instaurou, é muito forte e muito benéfico a todos.

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