A partir de 3 de novembro, as escolas públicas e privadas da cidade de São Paulo estão autorizadas a retomarem aulas presenciais para o Ensino Médio, de acordo com o Decreto 59.860. O Centro Educacional Pioneiro oferecerá atividades 2 vezes por semana para os(as) alunos(as) desse segmento, cumprindo todas as normas de segurança dos Órgãos Oficiais.
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É um momento que exige um olhar cuidadoso, pois o(a) estudante que volta para a escola certamente tem muitos questionamentos e precisará lidar com uma rotina muito diferente da que ele tinha antes da pandemia. O mesmo para quem não retornará presencialmente, porque o isolamento social implica muitas renúncias, e é sempre difícil lidar com elas.
O professor Mário Fioranelli Neto, coordenador de Humanidades, falou como os(a) profissionais do Pioneiro estão se preparando para acolher os(as) alunos(as) nessa volta presencial. Leia abaixo:
Centro Educacional Pioneiro – Que cuidados professores e famílias devem ter com os estudantes nessa volta à escola? Tanto para os que irão como para os que não irão retornar.
Mário Fioranelli Neto – Nesse retorno presencial, os sentimentos podem ficar agitados e se tornarem um desafio para os(as) estudantes e suas famílias. Uma forma interessante de cuidado é a conversa. Pais e mães podem, nesse momento, exercitar uma escuta mais ativa e, dessa forma, permitir que seus filhos e suas filhas externalizem aquilo que estão sentindo.
Todos os sentimentos são legítimos, então, parte da conversa com esses(as) adolescentes é para ajudá-los(as) a refletir o que podem fazer com o que sentem. Por exemplo: “sinto medo”, verbalizar isso é muito importante e, uma vez expressado, é bacana conversar sobre o que é possível fazer a partir desse medo.
Os sentimentos talvez fiquem mais agitados para aqueles(as) que retornarão ao presencial, mas mesmo os que ficarão apenas em casa também podem ter suas emoções mexidas, pois há uma relação coletiva dentro das salas e, portanto, o compartilhamento dos sentimentos. Até professores(as), pais e mães podem sentir emoções mais intensas nesse momento.
Como a escola está se preparando para acolher os alunos nesse retorno presencial?
Mário – Uma característica do Pioneiro e de sua equipe de professores(as) é a relação próxima e afetiva com seus alunos e suas alunas. Assim, o cuidado com as turmas é constante e parte da rotina. No retorno presencial, a equipe de Convivência Ética (composta por professores/as do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio) e a área de Arte pensaram em um momento intencional no primeiro dia, estruturado para que o acolhimento aconteça de maneira ampla e produza a sensação de segurança, pertencimento, coletividade (com respeito às individualidades) e afeto. Precisamos estar sensíveis e preparados para tudo, pois podem surgir falas sobre saúde, relações, pessoas que se foram, desempenho acadêmico, impacto nos vestibulares e outras coisas que nem imaginamos, mas é importante que sintam que há verdadeiramente um espaço para acolher.
Ao longo das semanas até o encerramento das aulas, teremos sempre um momento na grade de aulas para dar continuidade a essa atenção, pois na educação trabalhamos sempre em processos e não apenas com ações pontuais.
O que esperar desse retorno neste momento? Quais os objetivos propostos para este final de ano?
Mário – O retorno neste momento é apenas das turmas do Ensino Médio, portanto nossos objetivos estão ligados aos objetivos dessas turmas. O foco do 3º ano, presencial e remoto, será o fechamento e revisão de conteúdos e habilidades necessários para as provas de ingresso em universidades. As turmas do 1º e do 2º terão a continuidade e conclusão de seus conteúdos e habilidades pertinentes ao ano e, ao mesmo tempo, os(as) professores(as) continuarão a fazer verificações e análises para estabelecer o replanejamento necessário para 2021. Permeando tudo isso estão os sentimentos, então nosso desejo é que o fechamento de ano seja produtivo, acolhedor e faça sentido para nosso(as) estudantes, assim, estamos esperando e nos preparando para concluir um ano bastante desafiador para todos e todas, desejosos por um bom final.
Boa parte dos estudantes continuará os estudos 100% do tempo em casa. Como será feito o planejamento das aulas, para que não haja defasagem de conteúdo para nenhum dos grupos?
Mário – A possibilidade de observar e estudar a experiência de alguns lugares do mundo que tiveram o retorno presencial antes do Brasil nos ajudou a tomar algumas decisões. Aulas desenvolvidas da escola, com turmas presenciais, e ao mesmo tempo transmitidas de forma remota, demonstrou ser pouco eficiente, assim como o(a) professor(a) transmitir de forma remota a aula para quem está em casa e na escola. Nossa opção foi por estruturar as aulas de tal forma que garanta atenção exclusiva e dedicada a ambos os grupos (remoto e presencial), ou seja, a turma que está em casa terá aula com um(a) professor(a) e o grupo presencial terá ao mesmo tempo aula com outro(a) professor(a).
Para garantir que as duas turmas passem pelos mesmos conteúdos e habilidades, os(as) alunos(as) terão três dias da semana com aulas exclusivamente remotas para toda a turma. Nos outros dois dias (segunda-feira e quarta-feira), as aulas serão espelhadas, ou seja, na segunda-feira o grupo presencial terá aula com professores(as) que darão na quarta-feira as mesmas aulas para o grupo remoto (com as devidas adaptações de estratégias de aula para os dois ambientes). Exemplo:
Primeiro Ano
SEGUNDA
– Turma Presencial: aula de matemática
– Turma Remota: aula de história
QUARTA
– Turma Presencial: aula de história
– Turma Remota: aula de matemática
Todos os professores voltarão à escola para as aulas?
Mário – Os(as) professores(as) que fazem parte do grupo de risco não retornarão presencialmente, mas continuarão a dar aula para suas turmas de forma 100% remota quando a classe toda está junta (terça, quinta e/ou sexta).
