Recuperação de aprendizagens

20 de agosto de 2021

23 de março de 2020. Primeiro dia de uma quarentena que se prolongou por mais de um ano com crianças, jovens e adultos isolados. Foram inúmeras emoções em uma eternidade de momentos de insegurança, medo, tristeza, luto; mas também de união com um relacionamento mais intenso e próximo das famílias, que passaram a conviver e participar ativamente da rotina escolar de suas filhas e filhos, mesmo não frequentando os espaços físicos da escola.

Tempo (ou “O primeiro semestre de 2021”)
Avaliação na pandemia: saiba o que deu certo (ou não) em 2020 e como avançar

O acolhimento torna-se ainda mais importante nessa retomada de aulas presenciais

Nas mensagens, as famílias compartilhavam reflexões que tiveram, reconhecendo o importante papel desse profissional que fazia parecer ser tão fácil organizar uma aula com seus 15, 20 ou 25 alunos: o(a) professor(a).

Este, guerreiro, resiliente, persistente e idealista, saiu da condição confortável em que tinha pleno domínio de sua docência e repentinamente precisou se adaptar, se reinventar, buscar outras destrezas até então escondidas em seu ser.

Sua rotina de docente precisou multiplicar as horas. Perdeu a noção do tempo. Aqueles com filhos varavam a noite planejando as aulas para, durante o dia, dar conta de ministrá-las e concomitantemente participar de sua rotina doméstica como pais e mães. E aqui exemplificado com o professor, mas tivemos outros e muitos profissionais fazendo esse malabarismo para equilibrar os inúmeros papéis e infindáveis tarefas em que nos envolvemos.

E, agora, estamos voltando pouco a pouco à rotina mais próxima daquela que vivemos tempos atrás, quando que só conhecíamos a palavra “pandemia” nas páginas do dicionário.

“Queremos e iremos encarar os desafios como oportunidades.”

O tempo ainda é e será de incertezas. Mas outras preocupações nos acometem:

– Será possível recuperar as aprendizagens desse tempo em que estivemos em aulas remotas? Se sabemos que a interação social potencializa o aprendizado, conseguiremos suprir tudo o que nos foi subtraído neste tempo todo?
– Quanto tempo precisaremos ainda para uma volta à normalidade? Afinal, o que é normalidade?
– E quando o medo da volta sobrepõe a riqueza do convívio social?
– Quanto a pandemia influenciou na inteligência emocional de nossas crianças e jovens?
– Daremos conta de correr atrás do que “perdemos”? Precisamos mesmo correr atrás?

Poderia listar ainda muitas outras dúvidas e angústias. Bem, qual é a posição do Pioneiro frente a esses pontos levantados?

“Nosso trabalho primeiramente é acolher crianças e jovens e fortalecê-los para que eles consigam, então, focar nas aprendizagens.”

Penso que precisamos nos munir de todas as habilidades e competências exigidas de um profissional: conhecimento;  pensamento crítico, científico e criativo; espírito de coletividade e inteligência emocional.

Para quê? Para que possamos, a partir de um diagnóstico, replanejar e reconduzir nosso trabalho enquanto instituição educacional. O Pioneiro sempre prezou pelo olhar individualizado de cada estudante. E, neste momento, este é nosso maior desafio.

Nesses poucos dias de retorno a uma rotina mais intensa de aulas presenciais, já nos deparamos com situações que inspiram cuidado e acolhimento. Não podemos, de imediato, esperar envolvimento total dessa criança e jovem. Se eles estão fragilizados emocionalmente e seus responsáveis também, nosso trabalho primeiramente é acolhê-los e fortalecê-los para que eles consigam, então, focar nas aprendizagens.

Estamos vivenciando também um outro cenário: com as aulas híbridas, parte da classe está na escola e a outra parte, em casa. Isto requer alguns ajustes: som, imagem, conexão, interação. Agradecemos a parceria e colaboração das famílias. Precisamos contar com todos vocês!

Além disso, temos estudantes, professores e colaboradores pertencentes ao grupo de risco.

O professor não está sozinho, pois conta com um grupo de apoio (coordenações, auxiliares e estagiários). No entanto, é um só e, por isso, está se desdobrando para lidar com muitas adversidades. A equipe pedagógica é persistente e acredita que, cuidando de cada um, superará os desafios que estão postos e os outros que virão.

Já iniciamos ações pontuais para recuperar conteúdos acadêmicos individualmente, mas nosso compromisso é que essas lacunas sejam preenchidas adequadamente. Levaremos o tempo que for preciso, porém dentro de um planejamento conciso, responsável e integrado.

Não escolhemos viver a pandemia, mas podemos escolher passar por tudo isso com união e construção coletiva.

Aparentemente sentimos que “perdemos” algo, mas visualizamos a aquisição de outras competências e habilidades. Lamentar não nos levará a nada. Vamos arregaçar as mangas e abraçar esses desafios, que queremos e iremos encarar como oportunidades.

Continuamos a contar com toda a comunidade para que a verdadeira essência do Pioneiro siga norteando nossas práticas pedagógicas: respeito, responsabilidade e confiança numa escola que, por meio século, tem formado gerações acreditando verdadeiramente na Educação Escolar.

Irma Akamine Hiray
Diretora Geral

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